- Sexta-feira, 16 Outubro 2015
O regresso da UD Vilafranquense, foi uma das boas surpresas que esta edição da 3.ª divisão trouxe.
Aproveitamos esse facto e fomos ao encontro de João “Tocha” Graça, o actual timoneiro desta equipa sénior da UD Vilafranquense, para sabermos um pouco mais do projecto que ali se está a desenvolver.
Numa semana difícil para este jogador/treinador, já que na ultima jornada sofreu uma pesada derrota em Torres Vedras, frente à equipa B da AE Física D, curiosamente o primeiro desaire de João Graça, enquanto técnico da equipa ribeirinha ao Tejo, mas que não tirou o sono ao treinador, como mais à frente ele explica.
Homem apaixonado pela modalidade, é um estudioso do HP, procura acompanhar de perto as incidências dos jogos, que ao fim de semana vai vendo, desde a 1.ª à 3.ª divisão. Assumiu cedo o papel de treinador, tinha então 23 anos, na temporada 2003/2004 com uma equipa de Infantis (sub-13), e em 2005/2006, assumiria o papel de treinador / jogador de uma equipa sénior, nos Tigres de Almeirim.
Ficam aqui as impressões dele, sobre o projecto, a equipa e sobre este campeonato que começa agora a dar os primeiros passos.
Plurisports- A UDV volta ao palco dos nacionais após alguns anos fora desta montra. Como técnico, qual a percepção deste regresso, e que ambição tem a equipa na prova?
João Graça- Bom, O Vilafranquense está, em boa hora, de regresso ao campeonato nacional, com o principal objetivo de adquirir mais competitividade época após época. Inevitavelmente este é o rumo mais acertado que o clube poderia ter, pois a filosofia do clube e do respetivo presidente define-se pelo conceito “não se pode dar passo maior do que a perna”, e com isto pretende-se crescer como um clube sólido, vencedor, e bom formador, como em tempos o Vilafranquense já o foi. Senão vejamos: há três épocas atrás o Vilafranquense não tinha equipa sénior; daí criou-se uma e nesse mesmo ano fomos vice-campeões regionais (perdendo o título para o Benfica B). Há duas épocas atrás repetiu-se o ritual e perdemos o campeonato para o Sintra. Na época passada fomos finalmente campeões regionais (estando o David Valente como treinador principal). (Já comigo como treinador-jogador) fomos ainda à final da Taça APL apenas com vitórias e na qual nos foi imposta uma derrota por falta de comparência na final…derrota essa ainda por explicar! Por estes motivos já só fazia sentido caminhar para a frente e competir nacionalmente, para daqui a um par de anos tentarmos então a subida ao escalão acima. E assim sucessivamente até estarmos onde todos ambicionam – entre os melhores!
Plurisports- A equipa tem no seu seio, jogadores com provas dadas, em campeonatos superiores. É certo que são, na maioria deles, jogadores experientes, mas podem ser, sem dúvidas uma mais valia. Concorda?
João Graça- Em parte, indiscutivelmente que concordo que poderão ser uma mais-valia, desde que eles próprios o queiram. Ou seja, jogadores que já andaram na 1ª divisão têm todos os ingredientes para vingar em divisões inferiores, o que muitas vezes acontece é que os níveis de motivação são bastante reduzidos, o que faz com que a regularidade do êxito, jogo após jogo, seja inconstante e imprevisível. Note-se os resultados que temos feito na pré-época e neste início de campeonato.
Mas indo ao individual: o Fábio Guerra, o Pedro Santos, o Bruno Monteiro, o Bruno Sousa e o Renato Matos, são os jogadores que já competiram no principal campeonato português; o Fábio é indiscutivelmente uma mais-valia, até para alguns clubes de 1ª divisão este guarda-redes seria um excelente reforço. O Pedro Santos não tem podido dar o contributo à equipa devido a motivos profissionais. O Bruno Monteiro é uma mais-valia quando os tais níveis, que falei anteriormente, estão “atestados”, pois faz a diferença em qualquer jogo. O Bruno Sousa teve parado bastante tempo, ainda assim segue a mesma linha daquilo que acabei de referir sobre o Bruno Monteiro. O Renato Matos, tal como o Bruno Sousa, teve parado algum tempo, mas tem respondido muito positivamente ao modelo de jogo que eu construí para a presente época, pois é um jogador que ainda pode dar bastante ao Hóquei, nomeadamente à nossa equipa.
Por tanto, independentemente de haver mais-valias, a equipa ainda está numa faze de adaptação e assimilação de conteúdos técnico-táticos.
Plurisports- Não será espectável que quem acompanha o HP, e olhando para alguns dos jogadores que compõem a equipa, ficar com a ideia de ser uma das formações com ambições a lutar pelos lugares de acesso à subida?
João Graça- Até posso aceitar que algumas pessoas fiquem com essa espectativa, mas tal como disse anteriormente, antes do Vilafranquense, há muitas outras equipas candidatas e, que inclusive, se assumiram com esses objetivos. Eu nunca proferi tal objetivo, nem internamente para os meus atletas nem externamente para nenhum órgão de comunicação desportiva.
Penso que quem acompanha o Hóquei de perto, concordará que este é aquele ano a que, na gíria, chamamos o ano zero. Há que ter os pés bem assentes na terra e competir jogo após jogo pelos três pontos, mas nunca com essa responsabilidade de objetivo da subida. Os atletas são muito competentes, as condições são as desejáveis, esta é a equipa que eu queria ter (dentro das possibilidades e da realidade do clube, neste momento), este é o campeonato em que eu queria competir, estou contente com aquilo que os meus jogadores têm produzido e estou contente com os resultados, inclusive com a goleada que sofremos ontem. Até pode parecer estranho, mas foi um tsunami que me vai fazer, obrigatoriamente, ter que refazer todas as casinhas afundadas…e isso é positivo quando essas mesmas casinhas já deveriam ter sido engolidas há um mês atrás. Eu lido muito bem com a pressão, não me afeta, mas alguns dos meus atletas nem por isso, e por isso mesmo (passo a redundância) não aceito que nos distingam como uma equipa candidata principal à subida de divisão.
Plurisports- Aproveitando o balanço, e olhando para o leques de Clubes, que antevisão faz desta zona centro do nacional da 3.ª?
João Graça- Na minha opinião, esta série (zona centro) é a mais competitiva das três séries que a compõem, e provavelmente a mais interessante dos últimos anos. Não só pelos clubes que a compões, que se reforçaram notavelmente, mas também por alguns dos seus treinadores. São homens do Hóquei, são rigorosos nos sistemas de jogo e são ambiciosos, o que vem acrescentar à 3ª divisão deste ano, uma competitividade muito acima da média e ao nível duma 2ª divisão.
Quanto ao meu prognóstico, penso que o Marinhense será a equipa que ficará no 1º lugar, quanto ao 2º lugar tenho 3 equipas poderão lá chegar, mas que prefiro não as referir. Mas tenho a certeza que haverá campeonato até à última jornada e que todas as equipas irão sofrer derrotas, em que a equipa (a par do Marinhense) que conquistar mais pontos fora de cassa e conseguir ser a mais regular, conquistará sem dúvida o tão almejado 2º lugar que dá acesso à subida de divisão.
Plurisports- Que poderemos nós esperar desta formação da UDV, para a época que à pouco iniciou?
João Graça- Podem esperar empenho em disputar os 3 pontos semana após semana, podem esperar uma evolução no entrosamento da equipa mês após mês, podem esperar imprevisibilidade a cada jornada, podem esperar uma formação focada e conscientes dos seus objetivos.
Em tão pouco tempo de campeonato e pré-época já mostrámos quase tudo, e já mostrámos, também, o nosso pior, mas ainda não mostrámos o nosso melhor. Aproveito para deixar caro que não foi a Fisica B, nem tão pouco nenhum jogador da Física B que fez um excelente jogo, nós é que fomos muito incompetentes, e muito pouco ambiciosos; poderíamos estar lá até agora que nunca ganharíamos aquele jogo. Se o jogo tivesse 100 minutos o resultado seria, certamente, 28-8!